Reencontros, sorrisos e lágrimas no retorno de prisioneiros de guerra à Ucrânia

Reencontros, sorrisos e lágrimas no retorno de prisioneiros de guerra à Ucrânia


Rússia e Ucrânia libertam 307 prisioneiros de guerra; objetivo das trocas é alcançar mil libertações nos próximos dias. Prisioneiros de guerra ucranianos em reencontro com familiares
Serviço de Imprensa Presidencial da Ucrânia/AFP
Frágil e com a pele amarelada, Konstantin Steblev conversou com a mãe pela primeira vez em três anos, depois de ter sido libertado na maior troca de prisioneiros de guerra concretizada entre Rússia e Ucrânia.
“Oi mãe, como você está?”, perguntou na sexta-feira (23) o soldado de 31 anos, minutos depois de pisar novamente em solo ucraniano.
“Eu te amo. Não fique triste. Não foi minha culpa. Prometi que voltaria são e salvo”, acrescentou, sorrindo, mas com os olhos lacrimejando.
Steblev, que foi capturado no início da invasão russa em fevereiro de 2022, foi um dos 390 presos libertados em troca de 390 pessoas enviadas de volta à Rússia na primeira etapa da troca, que aconteceu na sexta-feira (23).
Neste sábado (24) ocorreu uma troca de 307 prisioneiros de guerra de cada país e, no domingo, será realizada a terceira etapa, com o objetivo de alcançar mil pessoas libertadas pelos dois lados.
Rússia e Ucrânia fazem maior troca de prisioneiros de guerra
A troca de presos é o único resultado concreto das negociações realizadas em Istambul entre russos e ucranianos na semana passada, o primeiro contato direto entre os dois países em três anos.
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Steblev foi levado de ônibus com outros prisioneiros para um hospital da região de Chernihiv. Centenas de parentes aguardavam o grupo no local. “Parabéns!”, gritaram, enquanto alguns choravam e cantavam.
Na viagem de volta à Ucrânia, Steblev contou à AFP que sentiu emoções “indescritíveis”. “É simplesmente uma loucura. Sentimentos de loucura”, descreveu.
Durante os anos que passou no cativeiro, Steblev disse que conseguiu seguir em frente graças à esposa. 
“Ela sabe que sou forte e que não vou desistir tão facilmente”, disse, antes de acrescentar que agora só deseja ficar com sua família. “É minha prioridade absoluta”, afirmou. 
Prisioneiros de guerra ucranianos em reencontro com familiares
Serviço de Imprensa Presidencial da Ucrânia/AFP
Ele destacou que corresponde à esposa decidir os próximos passos. “Ela vai me dizer e me ensinar como agir no futuro”, assegurou. 
Magros, cansados e um pouco desorientados, os prisioneiros libertados foram submetidos a exames médicos no hospital. 
Mas Olena e Oleksandr ficaram do lado de fora, abraçados, apesar das câmeras apontadas para eles.
Prisioneiros de guerra ucranianos em reencontro com familiares
Serviço de Imprensa Presidencial da Ucrânia/AFP
O casal disse que estava há 22 meses sem se ver, desde que Oleksandr foi capturado pela Rússia. 
“Estou no céu”, disse o homem de 45 anos ao lado da esposa. Seu sonho, por enquanto, é “comer (…) comer e passar tempo com a família”, acrescentou.
“Sei que não o destruíram”. Quando os ônibus chegaram ao hospital, parentes de soldados correram em direção ao grupo para mostrar fotos dos familiares e perguntar se foram vistos.
Algumas mulheres não conseguiram notícias e deixaram o local chorando.
Alguns sabem que seus familiares estão detidos, mas outros não têm qualquer notícia de seus entes queridos e aguardam desesperadamente por qualquer vestígio de informação.
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Momentos após reencontrar o marido Andriy, Elia, 33 anos, abraçou a mãe de um soldado que não recebeu notícias do filho. 
Quando encontrou o marido, que não via há três anos, Elia disse que seu “coração quase saiu do peito”. Ela chorou de alegria. “Esperei tanto tempo por isso”, afirmou.
Vários ex-prisioneiros de guerra entrevistados pela AFP no passado relataram as duras condições e torturas nas prisões russas.
Elia pensa no futuro e deseja ter um filho com seu marido. Mas sabe que o caminho para a recuperação será longo para Andriy. 
“Ele tem um olhar vazio, mas sei que não o destruíram. Os rapazes que estavam com ele me disseram que ele era muito forte”, disse
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