Presidente russo afirmou que Rússia tem força e meios suficientes para levar o conflito na Ucrânia a uma ‘conclusão lógica’. Vladimir Putin
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O presidente russo Vladimir Putin afirmou que ainda não houve necessidade de usar armas nucleares na Ucrânia — e que espera que isso continue assim.
Em uma prévia de uma entrevista que será exibida na televisão estatal russa, publicada no Telegram neste domingo, Putin declarou que a Rússia tem força e meios suficientes para levar o conflito na Ucrânia a uma “conclusão lógica”.
Respondendo a uma pergunta sobre ataques ucranianos em território russo, Putin afirmou: “Ainda não houve necessidade de usar essas (armas nucleares)… e espero que não sejam necessárias.”
“Temos força e meios suficientes para levar o que foi iniciado em 2022 a uma conclusão lógica, com o resultado que a Rússia exige”, disse ele.
Putin assinou, em novembro de 2024, uma versão reformulada da doutrina nuclear da Rússia, detalhando as circunstâncias que permitem o uso do arsenal atômico de Moscou — o maior do mundo.
Essa nova versão reduziu o limite para o uso dessas armas, permitindo essa opção mesmo em resposta a um ataque convencional apoiado por uma potência nuclear.
Rússia e Ucrânia discordam quanto às propostas de cessar-fogo.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou na sexta-feira — em declarações divulgadas no sábado — que o anúncio de Moscou sobre um cessar-fogo de 72 horas na próxima semana, para marcar o Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, é apenas uma tentativa de criar um “clima brando” antes das celebrações anuais da Rússia.
Zelensky voltou a defender uma pausa mais substancial de 30 dias nas hostilidades, como propôs inicialmente os Estados Unidos. Ele disse que o cessar-fogo poderia começar a qualquer momento como um passo significativo em direção ao fim da guerra.
Putin declarou unilateralmente no fim de abril um cessar-fogo de 72 horas na Ucrânia para marcar o Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, enquanto os EUA pressionam por um acordo que encerre a guerra, que já dura três anos.
O Kremlin informou que a trégua, ordenada por “razões humanitárias”, começará na madrugada de 8 de maio e durará até o final de 10 de maio, em comemoração à derrota da Alemanha nazista em 1945 — o maior feriado secular da Rússia.
Novos ataques
Um ataque russo com drones durante a madrugada de domingo (4) feriu 11 pessoas na capital ucraniana, Kiev, informou o Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia. Duas crianças estão entre os feridos.
O ataque acordou Valentyna Fesiuk, uma moradora de 83 anos do distrito Obolon, em Kiev.
“Eu estava dormindo quando a casa tremeu. Era 12h30. Um apartamento no 12º andar pegou fogo”, contou ela à Associated Press.
O carro de outro morador, Viacheslav Khotab, também pegou fogo.
“Vi meu carro pegando fogo. Estava coberto de estilhaços de vidro”, disse ele. “Não pude fazer nada.”
O homem de 54 anos demonstrou frustração com as negociações de paz estagnadas: “Eles não conseguem chegar a nenhum acordo, e somos nós que sofremos as consequências.”
Daryna Kravchuk, estudante de 18 anos no mesmo distrito, descreveu: “Cinco ou seis minutos depois do alerta aéreo, ouvimos um impacto forte, tudo começou a tremer… Foram três explosões quase seguidas, logo após o alarme.”
“É muito assustador presenciar isso. Sofremos com isso há tanto tempo. As pessoas estão constantemente sofrendo… Ainda é muito difícil ver nosso país sendo destruído o tempo todo”, disse ela à AP.
Uma pessoa morreu neste domingo após uma bomba guiada russa atingir uma vila próxima à fronteira, na região de Sumy, nordeste da Ucrânia, informou o governador regional Oleh Hryhorov.
A força aérea da Ucrânia afirmou que a Rússia lançou um total de 165 drones explosivos e de engano durante a madrugada. Destes, 69 foram interceptados, e outros 80 se perderam, provavelmente devido a interferência eletrônica. A Rússia também lançou dois mísseis balísticos.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas defesas aéreas derrubaram 13 drones ucranianos durante a madrugada.
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